Por Que Devemos Acreditar na Inerrância das Escrituras?

Apologética

de Brian H. Edwards em Junho 1, 2023
Também disponível em English e Español

Muitas pessoas negam que as Escrituras ensinam a doutrina de sua própria inerrância; no entanto, Brian Edwards argumenta com base nas Escrituras que é imprescindível que os cristãos se apeguem à doutrina da inerrância da Bíblia.

Introdução

“Você não acredita seriamente que a Bíblia é verdade, certo?”

Às vezes é muito divertido ver a expressão de surpresa no rosto daqueles que acabam de descobrir que realmente existem pessoas que acreditam que a Bíblia não contém erros. E sua próxima pergunta sempre nos leva de volta para o livro de Gênesis. No entanto, o que os cristãos querem dizer com a expressão “sem erros”, e como podemos ter tanta certeza disso?

Inspirar ou Exalar?

Primeiro, é necessário saber o que queremos dizer quando afirmamos que a Bíblia é “inspirada”, uma vez que essa palavra pode nos dar uma falsa impressão. Esse termo é o produto da tentativa de traduzir uma palavra que aparece somente uma vez no Novo Testamento, e embora ela seja a palavra que William Tyndale escolheu (inspiration em sua tradução da Bíblia em inglês) já no ano 1526, não é uma tradução ideal. A palavra grega (theopneustos) usada em 2 Timóteo 3:16 é uma palavra composta cujas duas raízes individuais significam “Deus” (theos, como na palavra teologia) e “respiração” ou “vento” (pneustos, como nas palavras pneumonia e pneumático). É importante notar que a palavra usada em 2 Timóteo 3:16 tem um sentido passivo. Em outras palavras, Deus não “soprou para dentro de” (inspirou) toda Escritura, mas ela foi “exalada” (expirada) por Ele. Isso quer dizer que o propósito de 2 Timóteo 3:16 não é nos ensinar como foi o processo pelo qual recebemos a Bíblia, mas sua origem. As Escrituras foram “exaladas por Deus”.

Se queremos aprender como recebemos a Bíblia, podemos consultar 2 Pedro 1:21, onde descobrimos que “homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo”. A palavra grega usada aqui é phero, um verbo cujo significado é “levar” ou “carregar”. Trata-se de uma palavra comum, a mesma que Lucas usou para descrever uma veleira que é impelida pelo vento (Atos 27:15,17). Não há dúvida de que os autores humanos da Bíblia usaram suas mentes quando escreveram; no entanto, seus pensamentos foram impelidos pelo Espírito Santo, com o resultado de que as palavras que foram registradas foram somente aquelas que Deus tinha exalado. O Apóstolo Paulo deixou claro o assunto em Coríntios 2:13: “Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito”.

Uma vez que a palavra “inspiração” já está tão arraigada na nossa linguagem cristã, continuaremos a usá-la, mas daqui em diante com um entendimento correto do que ela significa: Deus exalou Sua Palavra e o Espírito Santo guiou os escritores. A Bíblia tem um só autor e muitos (cerca de 40) escritores.

Com essas duas ações de Deus (Ele exalou Sua Palavra e o Espírito Santo impeliu os escritores), podemos formular uma definição da palavra “inspiração”:

O Espírito Santo impeliu os homens a escreverem. Ele lhes permitiu usar seus próprios estilos, culturas, dons e caráter. Ele lhes permitiu usar os resultados dos seus próprios estudos e pesquisas, escrever com base nas suas próprias experiências e expressar o que havia nas suas próprias mentes. Ao mesmo tempo, o Espírito Santo não deixou nenhum erro influenciar seus escritos. Sua vontade prevaleceu sobre a expressão das ideias dos autores e as palavras que escolheram. Assim, eles registraram de forma precisa tudo o que Deus queria dizer, da maneira exata em que Ele queria dizê-lo, usando suas próprias personalidades, estilos e linguagem.

A inspiração das Escrituras foi uma obra na qual estavam sintonizadas a mente do autor e a orientação soberana do Espírito Santo, a fim de produzir a Palavra de Deus inerrante e infalível para o bem da raça humana. Com respeito a isso, há dois erros que devemos evitar. Por um lado, algumas pessoas acham que a palavra “inspiração” se refere simplesmente a uma espécie de sensibilidade mais aprimorada à sabedoria que o autor teria experimentado, como quando falamos sobre alguma ideia ou invenção “inspirada”. Por outro lado, algumas pessoas acreditam que os escritores simplesmente foram usados como uma espécie de máquina de reprodução de textos ditados, escrevendo de forma mecânica as palavras que ouviam de Deus. Nenhuma dessas noções errôneas é uma fiel representação do papel ativo desempenhado tanto pelo Espírito Santo quanto pelo autor humano.

Quanto do Texto Bíblico É Inerrante?

Quando entendemos que a palavra inspirado realmente significa “exalado por Deus”, percebemos que 2 Timóteo 3:16 afirma que toda a Escritura, uma vez que foi exalada por Deus, é sem erro e, portanto, confiável. Uma vez que Deus não pode mentir (Hebreus 6:18), Ele deixaria de existir se exalasse erros e contradições, mesmo na mais mínima porção de Sua Palavra. Não é difícil entender o conceito da plena inerrância da Bíblia quando respeitamos o sentido real da palavra theopneustos.

A expressão inspiração plenária e verbal se refere ao fato de a Bíblia ter sido dada por Deus  . . . isso inclui cada aspecto  . . . e em cada palavra individual.

É comum usar duas palavras para explicar a extensão da inerrância bíblica: plenária e verbal. A palavra plenária provém de plenus, uma palavra latina que significa “pleno”; esse termo se refere ao fato de cada parte do conjunto das Escrituras ter sido dada por Deus. A palavra verbal provém de verbum, uma palavra latina que significa “palavra”; ela enfatiza o fato de as próprias palavras das Escrituras terem sido dadas por Deus. A expressão inspiração plenária e verbal se refere ao fato de a Bíblia ter sido dada por Deus (portanto, ela é inerrante); isso inclui cada aspecto (doutrina, história, geografia, datas, nomes) e cada palavra individual.

Nossas discussões sobre a inerrância se referem aos escritos originais das Escrituras. Hoje, não possuímos nenhum dos “autógrafos” originais (o termo usado para se referir a esses escritos), mas somente cópias, e as cópias de cada livro individual são muitas. Embora existam pequenas diferenças entre essas cópias em alguns trechos, sua semelhança é impressionante. Certo estudioso do Novo Testamento que viveu no século XVIII afirmou que essas diferenças não afetam nem uma milésima parte do texto.1 Já sabemos o que quer dizer a palavra inerrância; agora examinaremos o que ela não significa.

  • A inerrância não significa que tudo o que foi registrado na Bíblia é verdade. A Bíblia inclui relatos de homens que mentiram (por exemplo, em Josué 9) e até mesmo as palavras do próprio diabo. O que significa é que podemos ter certeza de que esses registros descrevem exatamente o que aconteceu.
  • A inerrância não significa que o texto não contenha contradições aparentes, mas que essas aparentes contradições podem ser reconciliadas. Às vezes, diferentes relatos usam palavras distintas para se referirem ao mesmo evento. Por exemplo, Mateus 3:11 menciona que João Batista carregou as sandálias do Messias, enquanto João 1:27 menciona que ele as desatou. João pregou muitas vezes durante um período considerável de tempo, falando sobre as mesmas coisas; como qualquer pregador, ele teria usado diferentes maneiras de expressar as mesmas ideias.
  • A inerrância não significa que cada cópia que existe atualmente é inerrante. É importante reconhecer que a doutrina da inerrância se refere somente aos manuscritos originais.

O que a inerrância significa é que não é correto afirmar (como fazem alguns) que a Bíblia é apenas “razoavelmente precisa”.2 Caso contrário, teríamos dúvidas sobre quais trechos da Palavra de Deus realmente são confiáveis.

O que a Bíblia Afirma sobre Si Mesma?

Será que John Goldingay teve razão quando afirmou que a visão da inerrância descrita acima “não é afirmada por Cristo nem pelas próprias Escrituras”?3 Demos uma olhada no que a Bíblia afirma sobre si mesma.

A Visão dos Escritores do Antigo Testamento

Os escritores do Antigo Testamento consideravam suas mensagens como exaladas por Deus e, portanto, totalmente confiáveis. Deus prometeu a Moisés que Ele finalmente enviaria outro profeta (Jesus Cristo) que, assim como Moisés, proclamaria as palavras de Deus. “Levantarei do meio dos seus irmãos um profeta como você; porei minhas palavras na sua boca, e ele lhes dirá tudo o que eu lhe ordenar” (Deuteronômio 18:18). Deus falou para Jeremias no início de seu ministério que ele devia anunciar as palavras de Deus. “O Senhor estendeu a mão, tocou a minha boca e disse-me: ‘Agora ponho em sua boca as minhas palavras’” (Jeremias 1:9).

A palavra hebraica usada para se referir aos profetas significa “porta-voz”, e as mensagens dos profetas eram dadas em nome de Deus: “Isto é o que diz o Senhor”. Portanto, os profetas se sentiam tão identificados com Deus que falavam como se o próprio Deus estivesse falando. Isso é muito evidente em Isaías 5. Nos vv. 3-6, o profeta usa o pronome de terceira pessoa (Ele), mas nos vv. 3-6 ele muda o pronome e começa a falar na primeira pessoa (Eu). Isaías estava anunciando as próprias palavras de Deus. Não é de se admirar que Davi tenha descrito a Palavra do Senhor como “puro” (2 Samuel 22:31 (ESV); vide também Provérbios 30:5).

O Novo Testamento Concorda com o Antigo Testamento

Pedro e João consideravam que as palavras de Davi registradas no Salmo 2 não são simplesmente a opinião de um dos reis de Israel, mas a voz do próprio Deus. Numa de suas orações, os apóstolos usam as seguintes palavras para apresentar uma citação desse salmo: “Tu falaste pelo Espírito Santo por boca do teu servo, nosso pai Davi: ‘Por que se enfurecem as nações, e os povos conspiram em vão?’” (Atos 4:25).

Da mesma maneira, Paulo reconheceu que nas palavras de Isaías, o próprio Deus estava falando aos homens: “Bem que o Espírito Santo falou aos seus antepassados, por meio do profeta Isaías” (Atos 28:25).

Os escritores no Novo Testamento tinham tanta certeza de que todas as palavras do Antigo Testamento eram as próprias palavras de Deus que eles até usavam a expressão “a Escritura diz” ao citar palavras que foram ditas por Deus. Dois exemplos disso são Romanos 9:17 e Gálatas 3:8. O primeiro diz “pois a Escritura diz ao faraó”, e no segundo Paulo escreve “prevendo a Escritura que Deus justificaria os gentios pela fé, anunciou primeiro as boas novas a Abraão . . .”. No primeiro capítulo da Epístola aos Hebreus, muitas das passagens citadas do Antigo Testamento são de trechos nos quais o salmista se dirige a Deus; no entanto, o autor de Hebreus diz que são as palavras de Deus.

Jesus Acreditava na Inspiração Verbal

João 10:34 nos conta que Jesus citou parte do Salmo 82:6, baseando Seus ensinamentos na frase “Eu disse: vocês são deuses”. Em outras palavras, Jesus proclamou que as palavras desse salmo eram as palavras de Deus. Do mesmo modo, em Mateus 22:31-32, Ele afirmou que as palavras de Êxodo 3:6 lhes foram dados por Deus. Em Mateus 22:43-44, nosso Senhor citou parte de Salmo 110:1, salientando que Davi escreveu essas palavras “falando pelo Espírito”, e mostrando que na verdade ele escreveu as palavras de Deus.

Paulo Acreditava na Inspiração Verbal

Paulo baseou um dos seus argumentos no fato de certa palavra do Antigo Testamento ter sido usada no singular, e não no plural. Em sua carta aos Gálatas, Paulo afirmou que Deus, nas Suas promessas a Abraão, “não diz: ‘E aos seus descendentes’, como se falando de muitos, mas: ‘Ao seu descendente", dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo” (Gálatas 3:16). Paulo citou frases de Gênesis 12:7, 13:15 e 24:7. Em cada um desses versículos, os tradutores da NVI usaram o termo coletivo “descendência”, mas o original usa uma palavra hebraica no singular que significa “semente”. (A versão ARC usa a palavra “semente” nesses versículos, assim como em Gênesis 22:18). O argumento de Paulo nesse trecho de Gálatas é que nestas promessas sobre a descendência de Abraão, Deus não se referia principalmente a Israel, mas a Cristo.

O que é importante nesse trecho é o fato de Paulo ter chamado a atenção ao detalhe de a palavra hebraica usada em Gênesis aparecer no singular. Isso revela sua crença na inspiração verbal, uma vez que era importante para Paulo o fato de Deus ter usado o singular ou plural nessas passagens do Antigo Testamento. Portanto, não é de se admirar que Paulo escreveu que uma das vantagens de ser judeu é o fato de que a eles “foram confiadas as palavras de Deus” (Romanos 3:2, NVI). Inclusive muitos dos críticos da Bíblia reconhecem que as Escrituras ensinam claramente a doutrina da inerrância verbal.

A Auto-autenticação

Para muitos, pode parecer um raciocínio circular argumentar que a Bíblia é a Palavra de Deus e portanto não tem erros, uma vez que a própria Bíblia faz essa afirmação sobre si mesma. É quase como afirmar: “Aquele preso deve ser inocente porque ele se diz inocente". Temos razão em recorrer às afirmações que a Bíblia faz sobre si mesma para resolver esta questão de sua autoridade e inerrância?

Uma vez que a Bíblia é a Palavra de Deus, devemos prestar atenção às afirmações que ela faz sobre si mesma.

Na verdade, usamos esse tipo de “auto-autenticação” todos os dias. Cada vez que dizemos “eu acho” ou “eu acredito” ou “eu sonhei”, fazemos uma afirmação que ninguém mais pode comprovar. Se as pessoas fossem confiáveis, esse tipo de auto-testemunho seria suficiente. Em João 5:31-32, Jesus disse que o auto-testemunho normalmente é insuficiente. Mais tarde, quando Jesus fez a afirmação: “Eu sou a luz do mundo” (João 8:12), os fariseus tentaram corrigi-Lo, dizendo: “Você está testemunhando a respeito de si próprio. O seu testemunho não é válido!” (João 8:13 NVI ). Em sua defesa, o Senhor lhes mostrou que no Seu caso, uma vez que Ele é o Filho de Deus, o Seu auto-testemunho é confiável: “Ainda que eu mesmo testemunhe em meu favor, o meu testemunho é válido  . . .” (João 8:14). Qualquer auto-testemunho que não for comprometido pelo pecado é confiável. Uma vez que Jesus é Deus e, portanto, sem culpa (um fato que foi constatado por aqueles que O criticavam em João 8:46), Suas palavras são confiáveis. Do mesmo modo, uma vez que a Bíblia é a Palavra de Deus, devemos prestar atenção às afirmações que ela faz sobre si mesma.

O caráter de grande parte da história da Bíblia é de tal ordem que teria sido impossível conhecê-la se Deus não a tivesse revelado. Há muitas teorias científicas que pretendem explicar como o mundo surgiu. Algumas delas são muito parecidas entre si, enquanto que outras são contraditórias. Isso nos mostra que ninguém pode ter certeza sobre essas questões, uma vez que nenhum cientista estava presente quando tudo aconteceu. Se o Deus que esteve lá não o tivesse revelado, não poderíamos ter certeza sobre o que realmente aconteceu. Podemos afirmar o mesmo sobre todas as grandes doutrinas da Bíblia. Como poderíamos ter certeza da ira de Deus contra o pecado, Seu amor pelos pecadores ou Seu plano de escolher um povo para si mesmo, se Deus mesmo não o tivesse revelado? Hilário de Poitiers, um teólogo do século IV, certa vez fez a seguinte afirmação: “Deus é a única testemunha competente para dar testemunho de si mesmo”. Ninguém pode oferecer algo melhor que isso.

Quem acredita nisso?

A crença na inerrância da Bíblia não é nova. Já no primeiro século, Clemente de Roma escreveu: “Vós vos curvastes sobre as Sagradas Escrituras, essas verdadeiras Escrituras dadas pelo Espírito Santo. Sabeis que nada de injusto e de falso está escrito nelas”.4 Um século mais tarde, Irineu concluiu: “As Escrituras são de fato perfeitas, uma vez que foram faladas pela Palavra de Deus e seu Espírito".5

Essa foi a visão dos primeiros líderes da igreja e tem sido a perspectiva consistente dos evangélicos, desde os antigos Vaudois que moravam do vale de Piemonte, passando pelos reformadores protestantes na Europa e continuando até hoje. Embora nem todos tenham usado os termos “infalibilidade” e "inerrância", muitos expressaram os mesmos conceitos, e sem dúvida acreditavam neles. As inovações com respeito a essas doutrinas foram feitas pelo liberalismo. O Professor Kirsopp Lake da Universidade de Harvard reconheceu: “Somos nós [os liberais] que temos desviado da tradição”.6

Tudo Isso Realmente Importa?

O debate sobre a confiabilidade da Bíblia é uma mera desavença teológica? É claro que não! A questão da autoridade final é um assunto extremamente importante para cada cristão.

A Doutrina da Inerrância Determina a Nossa Confiança no Evangelho

Poderíamos oferecer ao mundo um evangelho confiável se as Escrituras não fossem confiáveis? Como podemos ter certeza sobre alguma questão mencionada na Bíblia se pensamos que qualquer trecho da Bíblia poderia não ser confiável? O mais mínimo defeito num avião levará qualquer piloto a interromper a decolagem, uma vez que esse único defeito compromete sua confiança na nave como um todo. Se aceitarmos que a história narrada na Bíblia tem erros, como poderemos ter certeza que ela tem razão quando ensina sobre a doutrina ou a moralidade?

A história está no centro da mensagem cristã. A Encarnação (quando Deus se tornou homem) foi mostrada pelo Nascimento Virginal de Cristo. A Redenção (o preço que foi pago pela nossa rebelião) foi efetuada pela morte de Cristo na Cruz. A Reconciliação (o privilégio de o pecador se tornar amigo de Deus) foi obtida através da Ressurreição e Ascensão de Cristo. Se esses eventos registrados na Bíblia não ocorreram, como podemos saber que a teologia que ensinam é verdade?

A Doutrina da Inerrância Determina a Nossa Confiança no Evangelho

Não podemos ter um Salvador confiável sem uma Escritura confiável. Se as histórias registradas nos Evangelhos não são historicamente precisas (como muitas pessoas afirmam), e somente algumas das palavras atribuídas a Cristo realmente foram ditas por Ele, como sabemos em quais fatos sobre Cristo podemos confiar? Devemos depender das interpretações conflitantes de uma multidão de acadêmicos críticos se queremos saber como era Cristo e o que Ele ensinava? Se as histórias registradas nos Evangelhos são simplesmente uma expressão dos anseios da igreja do século três ou do século quatro, ou inclusive se são as opiniões pessoais daqueles que escreveram os Evangelhos, o alicerce da nossa fé não é mais Jesus, mas as opiniões dos homens. Quem dependeria de um Salvador inconfiável para a sua salvação eterna?

A Doutrina da Inerrância Determina a Nossa Confiança no Evangelho

Se acreditarmos que a Bíblia contém erros, estaremos facilmente dispostos a aceitar teorias científicas que parecem mostrar que a Bíblia contém erros. Em outras palavras, deixaremos que a conclusões da ciência determine a precisão da Palavra de Deus. Quando duvidamos da inerrância da Bíblia, precisamos inventar novos princípios de interpretação das Escrituras que de forma conveniente transformam relatos históricos em poesia, e fatos em mitos. Como resultado, os leitores precisam se perguntar quão confiável é a passagem que estão lendo. Só então poderão decidir como interpretá-la. Por outro lado, se acreditarmos na inerrância, usaremos as Escrituras para examinar as teorias precoces que muitas vezes são apresentadas em nome da ciência.

A Doutrina da Inerrância Determina a Nossa Atitude sobre a Pregação das Escrituras

A repudiação da doutrina da inerrância bíblica sempre leva a uma perda de confiança nas Escrituras, tanto no púlpito quanto nos bancos. O que fez com que as igrejas ficassem vazias não foi o aumento da educação e da ciência, nem o efeito de duas guerras mundiais, mas antes os efeitos da morte e frieza do liberalismo teológico. É lógico as pessoas perderem a confiança na Bíblia quando sua história é duvidosa e suas palavras contestáveis. As pessoas querem a verdade autoritativa. Querem saber o que Deus disse.

A Doutrina da Inerrância Determina a Nossa Confiança na Confiabilidade de Deus

Quase todos os teólogos concordam que as Escrituras são em certa medida a revelação de Deus à raça humana. No entanto, admitir a possibilidade de que elas contêm erros é o mesmo que sugerir que Deus foi negligente no processo da inspiração e deixou os homens viverem enganados, até que os acadêmicos modernos conseguiram dissipar a confusão. Em suma, o Fabricante fez um péssimo trabalho ao escrever as instruções.

Conclusão

Uma igreja sem a autoridade das Escrituras é como um crocodilo sem dentes; mesmo que abra bem a boca tantas vezes que quiser, ninguém se importa com isso. Felizmente, Deus nos deu Sua Palavra inspirada, inerrante e infalível. Seu povo pode falar com autoridade e ousadia, e podemos ter certeza de que possuímos as Suas instruções para as nossas vidas.

Footnotes

  1. Bishop Brook Foss Westcott, The New Testament in the Original Greek (London, MacMillan, 1881),
  2. John Goldingay, Models for Scripture (Toronto: Clements Publishing, 2004), 282.
  3. Ibid.
  4. Clement of Rome First letter to the Corinthians XLV.
  5. Irenaeus, Against Heresies, XVII.2.
  6. Kirsopp Lake, The Religion of Yesterday and Tomorrow, (Boston, MA: Houghton, Mifflin Co., 1926), 62.

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