O evangelho sem esperança do cristianismo gay é uma fé enganosa contra a qual devemos nos proteger.
É errado que um cristão se chame gay, mesmo quando não vive de acordo com os seus impulsos pecaminosos? Se esse cristão levar uma vida casta, não seria uma bênção potencialmente útil poder expressar sua identidade sexual, talvez para evitar tentativas de matchmaking com membros do outro sexo ou perguntas incômodas provenientes de membros da igreja bem intencionados, mas equivocados? Além disso, no caso afirmativo, nossas igrejas não deveriam ter grupos de apoio para cristãos gays, onde eles poderiam animar-se mutuamente e participar de uma comunidade de indivíduos que podem se identificar com os seus sentimentos e lutas? Afinal, em outubro de 2020, o papa Francisco se declarou favorável às uniões civis para casais homossexuais, usando o seguinte argumento para exortar aos outros cristãos que seguissem o seu exemplo: “Os homossexuais têm o direito de ser parte da família. Eles também são filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deveria ficar excluído ou miserável devido a isso”.1
Mesmo que você não seja tão radical quanto o papa Francisco, seu argumento parece ser contundente: a identidade sexual é um dos aspectos mais importantes da vida de uma pessoa.
O cristianismo “gay” - sem importar se a pessoa for sexualmente ativa ou não - não é o cristinismo bíblico, mas outra religião.
Como uma pessoa que viveu como lesbiana durante uma década enquanto defendia os direitos e causas LGBTQ, sendo ativista e professora titular de inglês em Nova Iorque, e que agora é esposa de pastor num casamento bíblico que tem filhos e netos, posso declarar categoricamente que o cristianismo gay é uma armadilha que foi colocada por Satanás, independentemente de se você vive de acordo com seus impulsos pecaminosos ou não. O cristianismo “gay” - sem importar se a pessoa for sexualmente ativa ou não - não é o cristinismo bíblico, mas outra religião. As palavras do papa soam muito agradáveis para uma cultura que afirma que sua identidade sexual (LGBTQ) é quem você realmente é, e que a diferença sexual (masculino e feminino) é uma decisão psicológica.
Embora o papa Francisco tenha dado mais importância à cultura do que às Escrituras, um cristão verdadeiro não tem o direito de fazer isso. O movimento cristão gay adiciona coisas ao evangelho (mais precisamente, a ideia freudiana de que a orientação sexual é imutável e descreve a verdadeira identidade da pessoa) e elimina coisas do evangelho (o relato no livro de Gênesis que mostra que o fato de nascer macho ou fêmea é uma característica eterna da nossa função como portadores da imagem de Deus). Os erros que o movimento cristão gay introduz na igreja são sérios e até mortais.
Para podermos abordar esta questão, precisamos dar uma olhada em dois aspectos interligados do movimento cristão gay que está ocorrendo dentro da igreja: ele oferece uma fé enganosa e um evangelho sem esperança.
Deus chama os cristãos a se empenharem “ainda mais para consolidar o chamado e a eleição de vocês, pois se agirem dessa forma, jamais tropeçarão” (2 Pedro 1:10, NVI). O Senhor fala através de Pedro para fazer uma pergunta muito simples: Você realmente é cristão? Como você sabe?
A conversão significa que já rendemos as nossas vidas a Cristo - o verdadeiro Cristo - o Cristo da Bíblia, não o Cristo que existe na nossa imaginação. Uma pessoa que se rende não estabelece as condições de sua rendição. Uma pessoa que já se rendeu a Cristo precisa saber quem ela realmente é aos olhos de Deus. O Senhor nos deu uma só categoria de personalidade: ou somos homens ou somos mulheres. Ou seja, refletimos a imagem de Deus quando vivemos de acordo com o decreto dado na criação como uma pessoa que nasceu homem ou mulher.
A noção de que “ser gay” descreve a sua identidade vem de Satanás (por meio de Freud). “Ser gay” não descreve “quem” você é, mesmo que você acredite que isso seja uma boa representação de como você se sente. Se você acreditar que a palavra “gay” descreve quem você é, será impossível lutar contra sua homossexualidade como qualquer outro pecado, uma vez que esse pecado já tomou a forma de outras categorias, como a personalidade e as atrações persistentes. Sua tarefa como cristão é aprender a odiar o seu pecado sem odiar a si mesmo, e você simplesmente não pode colocar na mira o seu pecado quando você se chama um cristão gay, uma vez que você já integrou o seu pecado na sua própria personalidade com o argumento de que ele não é uma escolha.
Para aquele cristão que estiver lutando contra o pecado da homossexualidade, isso significa viver na realidade de Deus e lutar contra o pecado com as armas de Deus.
Todos os tipos de pecado chegaram a nós por meio da queda de Adão. Em Adão, todos nascemos desejando algo que Deus odeia. Para alguns de nós, isso significa desejar sexualmente outros membros do nosso próprio sexo. Os cristãos são chamados a confrontar o pecado (inclusive aquele pecado que nós mesmos não escolhemos) em Cristo e sujeitos aos termos de Cristo. Para aquele cristão que estiver lutando contra o pecado da homossexualidade, isso significa viver na realidade de Deus e lutar contra o pecado com as armas de Deus. Em Cristo, a cidadania dupla não existe. O cristão não pode ter um pé no mundo (aceitando uma identidade gay) e o outro na igreja. No entanto, uma vez que o cristão gay se considera uma “minoria sexual” na igreja, ele reivindica para si a consolação que Cristo oferece às vítimas em vez de o perdão do seu pecado de homossexualidade. Esta visão errada é uma armadilha muito sedutora no ambiente da nossa cultura obcecada pela psicoterapia.
Em Cristo, a cidadania dupla não existe. O cristão não pode ter um pé no mundo (aceitando uma identidade gay) e o outro na igreja.
Romanos 1 explica três maneiras que um cristão pode perder a batalha contra o homossexualismo. Paulo as descreve em termos de “trocas”:
Primeiro, trocamos a glória pela corrupção (Romanos 1:23). Fazemos isso quando dizemos que o desejo homossexual é uma parte imutável das nossas vidas. Quando tentamos fazer Cristo e a igreja encaixarem com a nossa identidade gay, trocamos a glória pela corrupção.
Segundo, trocamos a verdade por mentiras (Romanos 1:25). Fazemos isso quando dizemos que o homossexualismo determina a nossa identidade em vez de simplesmente influenciar os nossos sentimentos. Ele se torna a nossa verdade essencial. Nossa vida depende dele. Isso é uma mentira. A verdade é que você é um portador masculino ou feminino da imagem de um Deus santo, e que você será homem ou mulher por toda a eternidade. Sua distinção sexual, e não suas decisões psicológicas, é uma verdade ontológica (original e eterna).
Em terceiro lugar, trocamos o que foi decretado na criação (Gênesis 1-3) por uma sexualidade disfuncional que é “contrária à natureza” (Romanos 1:26-28, NVI). De maneira majestosa, o decreto da criação estabelece um papel para toda a humanidade. Nossa distinção sexual (o fato de sermos homem ou mulher) é uma parte integral da nossa pessoa. Essa distinção sexual vem com um mandamento e uma vocação de Deus de participar no decreto da criação. Participamos desse decreto na qualidade de pais, mas também como filhos e filhas, tias e tios, e irmãos e irmãs que aceitam o que é ensinado claramente em Gênesis 1 e 2, assumindo a nossa elevada vocação de apoiar o casamento bíblico e seu papel de procriação.
Não perca de vista o caráter progressivo dessas trocas: a identidade corrupta de ser “gay” se torna a mentira pela qual morremos, o que consolida uma vida estéril que carece de procriação (isso é o que significa a expressão “contrária à natureza”). Mas uma vez que os cristãos gays marcham sob o estandarte de proteção de direitos civis, diante de uma cultura que (apesar de se chamar cristã) tem abandonado a crença na inerrância das Escrituras, essas trocas são, para eles, um registro de progresso, e não de transgressão.
No entanto, um crente que vive na vitória de Cristo lida com o pecado da maneira de Deus - por meio da mortificação. O grande puritano John Owen escreveu um tratado poderoso com o título The Mortification of Sin (a mortificação do pecado) na qual ele mostra como podemos derrotar este inimigo enganoso e sedutor. Quatro dos temas que ele menciona no livro são especialmente esclarecedores para quem estiver preso no pecado do cristianismo gay.
Primeiro, ele diz que devemos matar com fome o pecado. Isso significa que não devemos cultivar amizades gays, viver na cultura gay, chamar-nos de cristãos gays ou participar em qualquer tipo de pecado que alimenta a nossa afinidade pelo homossexualismo. Isso inclui participar em desfiles de orgulho gay, ir a conferências de Revoice2 e olhar pornografia gay (obviamente).
Segundo, devemos colocar o nosso pecado na categoria certa. Devemos chamar o pecado pelo que é: pecado. Não devemos cair na armadilha de pensar que nós somos a manifestação dos nossos sentimentos. Devemos enxergar o nosso pecado na cruz, sob o sangue de Cristo, com a consciência de que Cristo não morreu por um pecado para que esse pecado se torne amigo de seus filhos.
Terceiro, devemos mortificar o nosso pecado. Devemos estar dispostos a matar o nosso pecado, sem deixar espaço para nada mais. Cada manhã, devemos acordar prontos para perfurar os nossos pecados favoritos com cem pregos novos a cada minuto. É uma guerra, não uma festa.
Quarto, devemos cultivar uma vida em Cristo e nos alimentar com a Palavra, vivendo profundamente cada dia na vida da igreja, frequentando e organizando reuniões de oração, tendo comunhão, praticando a hospitalidade, participando numa igreja que acredita na Bíblia por meio da aliança da membresia eclesiástica, e assumindo os nossos deveres como adultos que entendem a importância do domínio próprio e da modéstia. E dentro dessa vida eclesiástica, os anciãos e alguns amigos chegados deveriam saber quais são as lutas mais profundas que você enfrenta e apoiá-lo em oração. Mas se você tiver a insensatez de pensar que o mundo inteiro precisa saber sobre os seus sentimentos homossexuais, você está errado, e isso é perigoso. Neste mundo que tem conferido ao pecado do homossexualismo o status de direito civil, não é sábio para o cristão seguir os caminhos do mundo e “sair do armário”. Sua tarefa é chegar a Cristo - uma e outra vez. A diferença entre você e um não crente é esta: você tem o Senhor. E sua união com Cristo é espiritual, inquebrantável, insubstituível e eterna.
A transformação está no centro do evangelho. A transformação bíblica é o ponto central da santificação.
O evangelho do cristianismo gay é um evangelho diferente daquele que é oferecido na Bíblia. É um evangelho que afirma que o homossexualidade é imutável. Ele coloca em dúvida a honestidade daqueles de nós cuja conversão deu início a uma mudança radical em todas as áreas da nossa vida, incluindo os desejos sexuais. Ele despreza a noção de os cristãos serem um povo transformado. Mas a transformação está no centro do evangelho. A transformação bíblica é o ponto central da santificação.
Não há nenhuma porção das Escrituras onde vemos que Deus ama e concede as bênçãos da fé salvífica ao indivíduo que clama a Ele para ser salvo sem conceder também uma transformação rigorosa. Essa transformação é reivindicada na cruz de Cristo, e na redenção que é derramada da cruz, não através de alguma modificação de comportamento ou melhoramento moral com respeito a certas questões externas. Colossenses 3:5 chama o cristão a mortificar não só o comportamento externo, mas também o desejo maligno que alimenta esse comportamento.
Gênesis 6:5 e Marcos 7:20-23 elucidam que a queda do homem, junto com o pecado original que ela produziu, impele a corrupção para dentro das cavernosas profundezas dos nossos corações, e Efésios 4:22-24 exige a transformação do nosso ser interior a fim de se conformar com a justiça de Cristo.
O pecado não é mais o que nos define. Paulo nos lembra em Romanos 6:11: “Considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus”.
Ao mesmo tempo, a Bíblia, de maneira compassiva, revela que cada cristão genuíno experimenta uma guerra interna: “Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam” (Gálatas 5:17, NVI). Mas o pecado não é mais o que nos define. Paulo nos lembra em Romanos 6:11 (NVI) “Considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus”. Não somos chamados à desesperação, mas à esperança em Cristo, e a perfurar o nosso pecado preferido com um novo prego cada dia (Colossenses 3:1, Colossenses 3:5).
Nenhum de nós será livre das seduções do nosso pecado favorito até que estejamos na glória. Este é o dilema do cristão que se identifica como gay: os desejos, capacidades e práticas homossexuais são expressões de um pecado ilícito contra o qual devemos fazer uma guerra irreconciliável com o poder do Espírito Santo, ou são simplesmente uma maneira diversa de expressar o bem social? A Bíblia nos dá uma resposta muito clara.
Como pode um cristão que luta com o pecado da homossexualidade melhor trazer glória a Deus? Ele pode combater contra o pecado da maneira de Cristo. Embora saibamos que todas as coisas são possíveis com Cristo, também sabemos que ninguém será totalmente santificado até que esteja na glória. É nesse ponto que as palavras de Jonathan Edwards atuam como um bálsamo para a nossa consciência:
Sem dúvida, deve-se fazer certas concessões para o temperamento natural; a conversão não erradica totalmente o temperamento natural; aqueles pecados aos quais o homem era mais propenso antes de sua conversão, devido a sua configuração natural, são os mesmos nos quais ele ainda poderá cair mais facilmente. Mas apesar disso, a conversão fará uma grande mudança com respeito a esses pecados. Embora a graça, enquanto ela ainda não for perfeita, não erradica um temperamento natural perverso, ela tem muito poder e eficácia para corrigi-lo… Se um homem, antes de sua conversão, era propenso à lascívia, à embriaguez, ou à malícia, devido à sua configuração natural, a graça conversora fará uma grande alteração nele com respeito a essas disposições perversas; portanto, embora ele ainda corra grande perigo de cair nesses pecados, eles não têm mais domínio sobre ele, nem formam mais parte do seu verdadeiro caráter.3