24 Horas—Simples como o dia

Os principais estudiosos do Hebraico concordam que os escritores de Gênesis 1 tinham a intenção de que a palavra ‘dia’ deveria significar 24 horas. Se todos eles concordam . . . então por que nós não podemos?

Em 1983, como aluno de terceiro ano da faculdade, eu caminhava aterrorizado no templo religioso da Universidade da Georgia. O professor era um especialista em hebraico da Universidade de Yale. Eu era um cristão por apenas dois anos, e queria aprender aquela língua.

Eu sabia que o departamento de religião duvidava da autoridade dos livros do Antigo Testamento. Para eles, o mito Enuma Elish era mais importante para o entendimento de Gênesis do que Moisés, Paulo ou Jesus. A maioria deles acreditavam que a evolução refuta o cristianismo de uma vez por todas. Jesus foi apenas um homem, e a Bíblia era um livro como qualquer outro—escrita apenas por homens e cheia de erros.

Eu sabia que no cerne desta abordagem secular ao estudo da Bíblia estava o axioma de que a razão humana é suprema. Eles acreditavam que os estudiosos estão acima da ao invés de abaixo da Palavra de Deus. Então, eu ansiosamente me questionei como estudar Hebraico em um molde secular poderia ajudar ou ferir minha fé.

A Bíblia, todavia, tem um intrínseco poder de auto autenticação—um poder que até mesmo os céticos não podem destruir.

A Bíblia, todavia, tem um intrínseco poder de auto autenticação—um poder que até mesmo os céticos não podem destruir. À despeito dos ataques céticos, a língua hebraica tem permanecido uma paixão da minha vida por quase trinta anos. Eu foquei meu trabalho de doutorado na Inglaterra no uso do Antigo Testamento no Novo Testamento, e meu contínuo estudo do Hebraico desde então tem reafirmado a sobrenatural natureza da Palavra de Deus e sua verdade em todos os pontos.

Eu ensino em uma faculdade cristã que sedia uma conferência todo ano sobre um caloroso tópico contemporâneo. No último ano a faculdade decidiu sediar uma confêrencia sobre a leitura apropriada de Gênesis 1–2. O objetivo era reunir todos os principais estudiosos evangélicos para uma confêrencia de dois dias e deixá-los apresentar suas hipóteses para as diferentes maneiras de ler os primeiros dois capítulos de Gênesis.

A faculdade tropeçou em um sério problema—Nós não podíamos encontrar um estudioso do Antigo Testamento reconhecido nacionalmente que manteve a visão tradicional que o mundo foi crido em seis dias de vinte quatro horas.

Durante minha pesquisa, eu mesmo fui ao encontro nacional da Sociedade Teológica Evangélica (STE) e participei da sessão sobre Gênesis 1–2. Durante uma discussão de painel, alguns estudiosos começaram a zombar abertamente da visão tradicional. Outros asseguravam à audiência que Enuma Elish e similares eram a chave para o entendimento de Gênesis. Eu senti como se eu se tivesse voltado ao Peabody Hall. O estava acontecendo?

Quando eu deixei o STE, eu estava confuso. A maioria dos estudiosos evangélicos realmente acreditava que o texto hebraico falhou em apoiar a visão tradicional? Eles acreditavam que ninguém que estuda o hebraico com seriedade acredita que Deus sobrenaturalmente criou todas as coisas em seis dias há alguns milhares de anos atrás?

Tempo para Investigação

Esta experiência me incomodou de forma tão maléfica que comecei a fazer mais pesquisas. Eu sabia que os estudiosos críticos modernos pensam que a visão dia-era e a mais recente hipótese de moldura são gramaticalmente insustentáveis do pontos de vista da intenção original do autor. Um dos melhores hebraicistas do mundo, James Barr da Universidade de Oxford tinha escrito em uma carta há vinte anos: “Até onde eu sei, não há professor de Hebraico ou de Antigo Testamento no mundo universitário que não acredita que os escritores de Gênesis 1–11 tinham a intenção de transmitir aos seus leitores as ideias que (a) a criação aconteceu em uma série de seis dias que foram os mesmos dias de 24 horas que nós agora experimentamos (b) as ilustrações contidas nas genealogias de Gênesis fornecidas por uma simples adição de uma cronologia desde o começo do mundo até os estágios mais avançados da história bíblica”.1

Eu me questionei o que os hebraístas universitários modernos diriam hoje sobre a declaração de Barr, então eu procurei vários líderes especialistas para perguntar a opinião deles.

Hugh Williamson é o atual professor Regious de Hebraico da Universidade de Oxford. Oxford é, talvez, a universidade mais prestigiada no mundo, e Williamson é um dos top hebraísta de todo o mundo. Em um e-mail ele respondeu: “ à medida que os dias de Gênesis 1 estão relacionados, eu estou certo de que o professor Barr estava correto. . . . Eu não tenho encontrado nenhum professor de hebraico que tem uma leve dúvida sobre isto, a menos que eles já estivessem comprometidos com alguma alternativa vinda de outras considerações que não surgiu de uma leitura íntegra do texto hebraico tal como é”.2

Eu também enviei por e-mail a carta de Barr para Emanuel Tov da Universidade Hebraica de Jerusalém; ele deveria estar em alguma lista de especialistas em hebraico. O professor Tov respondeu nestas palavras: “Para o povo bíblico isto era história, mesmo sendo difícil para nós aceitarmos esta visão”.3 Aqui foi a confirmação de um homem judeu que falava e pensava em hebraico.

Há uma livraria de pesquisa teológica residencial chamada Tyndale House, localizada fora da Universidade de Cambridge na Inglaterra. Você pode alugar um quarto e viver literalmente na biblioteca. É talvez a melhor instalação deste tipo no mundo. Durante sua história alguns dos principais estudiosos tem sido seu guardiões. O atual guardião é um jovem de conhecimento enciclopédico chamado Peter Williams. Ele enviou uma nota para mim dizendo: “Embora a posição criacionista do Universo Jovem não seja largamente mantida dentro da academia secular, a posição—que o autor de Gênesis 1 manteve de o mundo ser criado em seis dias literais—é quase universalmente mantida”.4

Eu poderia listar dezenas e dezenas de nomes, mas não há necessidade. O conhecimento é claro. O escritor de Gênesis 1–2 quis que o texto ensinasse cronologia em termos de dias normais. Então por que quase todos os estudiosos evangélicos rejeitariam a intenção do autor?

Quando um Dia Não É um Dia.

Minha inabilidade de encontrar muitos estudiosos evangélicos que apoiam a tradicional visão foi enigmática por outra razão: o compromisso público dos evangélicos com a inerrância das Escrituras. A Declaração de Chicago sobre a inerrância Bíblica, assinada em 1978, dá a mais completa declaração sobre o que os evangélicos acreditam sobre a Bíblia. O Artigo 12 fala da criação e o Dilúvio: “Nós negamos que a infalibilidade e a inerrância bíblica estão limitadas aos temas espiritual, religioso e temas sobre redenção, exclusivas de afirmações nos campos da história e da ciência. Além disso, nós negamos que a hipótese científica sobre a história da terra pode ser provavelmente usada para uma reviravolta no ensino das Escrituras sobre a criação e o dilúvio”.

Eu estava confuso por que muitos dos que assinaram o artigo não acreditavam na visão tradicional de Gênesis 1–2. Então, eu comecei a enviar e-mails a pessoas que eu sabia que tinham assinado o documento. O que eu encontrei foi chocante. Henry Morris tinha proposto o estilo linguístico do artigo 12, e ele tinha a intenção de excluir longas eras e a evolução teísta.5 Muitos dos que assinaram decidiram rejeitar a intenção do significado de Morris e reinterpretaram suas palavras de acordo com suas próprias crenças.

os evangélicos estão tropeçando no mesmo caminho sem saída que destruiu igrejas históricas há um século atrás.

Isto foi a mesma coisa que aconteceu entre as igrejas confiantes na Bíblia por volta do século 20, durante o primeiro ressurgir da teologia moderna. Ministros na Igreja Presbiteriana, por exemplo, afirmariam a Confissão de Westminster, mas eles auto interpretariam suas palavras. Então, onde a Confissão diz que Jesus é Deus, o ministro liberal concordou, mas quis dizer que Jesus tem uma consciência divina como qualquer outro homem.

Esta é uma dupla linguagem teológica. Eu estou surpreso que os evangélicos estão tropeçando no mesmo caminho sem saída que destruiu igrejas históricas há um século atrás.

Dias Adiantes

Eu perguntaria aos meus irmãos evangélicos algumas questões básicas. Se o texto de Gênesis 1–2 não significa o ensino tradicional cronológico e de vinte quatro horas por dia, então. . . .6

  1. Por que Jesus toma Gênesis 1–2 como um ensino histórico (Mateus 19:4; Marcos 10:6)?
  2. Por que Paulo toma isto com história (Romanos 5:12; 1 Coríntios 11:8–9; 15:21–22; 15:45; 1 Timóteo 2:12–14)?
  3. Por que quase todos os hebraístas de classe mundial assumem que o escritor de Gênesis teve a intenção de dias normais e o texto como história?
  4. Por que a igreja antiga, medieval e moderna—até cerca de 1800—tem poucos comentaristas (se tem algum) que acreditam em um universo antigo?
  5. Por que todas as antigas traduções e paráfrases, tais como os Targuns Aramaicos, tomam as palavras por valor nominal e traduzem como “dias” com nenhuma alusão que poderiam significar “eras” em Gênesis 1?
  6. Por que há poucos ou nenhum clássico rabínico que apoie o universo antigo?
  7. Por que há Cientistas PhDs bem qualificados que ainda sustentam dados físicos como consistentes como a visão da terra jovem?

Ninguém me proporcionou respostas que apontam para qualquer coisa, a não ser a visão tradicional do significado original. Alguém que diz que um estudo mais apurado do Hebraico leva a outro lugar é simplesmente incorreto. A intenção original é simples: um dia foi um dia, desde o primeiro dia milagroso.

Footnotes

  1. Note que Barr não acredita da Inerrância. Ele está simplesmente afirmando a intenção autoral de Gênesis 1–2.
  2. E-mail para o autor, 07 de Janeiro de 2007.
  3. E-mail para o autor, 28 de Dezembro de 2010.
  4. “No Agony Before Adam”. Nota dada a University of Aberdeen. 17 de Dezembro de 2008, p. 1.
  5. Em uma conversa por telefone, um dos co-autores do The Genesis Flood, Dr. John Whitcomb, disse-me que o Dr. Henry Morris, o outro co-autor daquele livro fundamental no moderno criacionismo, era o proponente da linguagem. Ambos são apoiadores da Declaração de Chicago.
  6. Veja Terry Mortenson, “Jesus, Evangelical Scholars, and the Age of the Earth,” The Master’s Seminary Journal 18 (2007): 69–98, reimpresso em https://answersingenesis.org/age-of-the-earth/jesus-evangelical-scholars-and-the-age-of-the-earth/.

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