Quase todos os meses, ouvimos falar de um novo exemplo de “tecidos moles” descobertos num fóssil. Será que esse material realmente pode sobreviver durante milhões de anos? Precisamos ver o que os estudos em laboratório nos dizem sobre a degradação desses tecidos.
No ano passado, visitei o Museu Carnegie de História Natural na cidade de Pittsburgh. Não sabia se devia rir ou chorar quando entrei na exibição sobre os fósseis e li uma placa com o seguinte texto: “Os fósseis que são vestígios da vida pré-histórica não conservam nenhum material orgânico original”. Uma vez que afirmações erradas como essa aparecem espalhadas pela mídia científica popular, não é de se admirar que tão poucos cientistas estejam cientes ou dispostos a aceitar a evidência da presença de tecidos originais em fósseis, e que menos ainda estejam procurando por novas evidências.
É claro que, para aqueles que consideram que os fósseis são vestígios de uma vida que existiu há mais de um milhão de anos, não há razão alguma para acreditar na preservação de moléculas orgânicas originais, sem mencionar células ou tecidos inteiros (como vasos sanguíneos). No entanto, muitos fósseis contêm esses tipos de tecidos extraordinários.
A Dra. Mary Schweitzer e sua equipe chamaram a atenção do mundo inteiro em 2005 com um artigo no qual descreveram a descoberta de vasos sanguíneos intactos num osso de T. rex. Mas na verdade, o fenômeno já vinha sendo descrito por cientistas seculares durante décadas em publicações técnicas que às vezes tinham poucos leitores. Aquela placa que vi no museu estava totalmente errada, e cada cristão precisa entender por quê.
Há duas observações com respeito aos fósseis que mostram a razoabilidade da fé daqueles que acreditam que a maioria dos fósseis foram formados pelo Dilúvio da época de Noé há alguns milhares de anos. A primeira observação diz respeito às taxas de degradação.
Quanto tempo seria razoável esperar que o material orgânico sobreviva em pedras sedimentares? Não é necessário adivinhar, uma vez que os cientistas já nos têm dado respostas claras. Normalmente, os animais carniceiros, a água e os micróbios destroem carcaças inteiras em poucos anos (no máximo). Mas o que aconteceu com os restos de animais que foram enterrados durante o Dilúvio da época de Noé em lama que mais tarde secou, formando sedimentos endurecidos? Essas carcaças foram protegidas de animais carniceiros pelo simples fato de eles terem sido enterrados rapidamente; caso contrário, seus fósseis não teriam sido preservados até hoje. Além disso, uma secagem rápida teria limitado o crescimento de micróbios.
No entanto, ainda não se descobriu nenhum processo natural capaz de impedir o último fator causante da degradação - a química. Vários cientistas têm realizado experiências confiáveis e reproduzíveis que mostram a operação da degradação química em moléculas biológicas, incluindo moléculas de colágeno ósseo e ADN.
Taxas de Sobrevivênciao de Colágeno. O colágeno é uma forma de proteína resistente e viscosa encontrada nos ossos; ela é responsável por suas características de resiliência e flexibilidade. Com o tempo, o colágeno reage com oxigênio e outras substâncias químicas, processo que o degrada em moléculas diminutas. Mas quanto tempo ele pode durar?
As experiências científicas têm mostrado que tudo depende da temperatura. O calor aumenta o número de colisões entre átomos, o que por sua vez aumenta a taxa de reações químicas destrutivas. O colágeno ósseo é tão resistente que poderia sobreviver durante várias centenas de milhares de anos numa temperatura constante de 7°C, mas não mais de um milhão de anos.1,2 Esses resultados pressupõem condições ideais de sepultamento e preservação. Isso significa que a ciência objetiva confirma a possibilidade de o colágeno ósseo ter sido preservado durante os aproximadamente 4.300 anos transcorridos desde o Dilúvio da época de Noé, mas nega a possibilidade de ele ter sobrevivido por mais de um milhão de anos.
Taxas de Preservação de ADN. Mais recentemente, cientistas têm analisado a integridade do ADN mitocondrial (ADNmt) de 158 ossos de Moa fossilizados de diversas épocas a fim de determinar a taxa de degradação de ADNmt.3 A Moa era um ave gigante que não voava que provavelmente foi caçada até à sua extinção há vários séculos. Os últimos representantes da espécie viveram na Nova Zelândia. Os pesquisadores usaram datas obtidas dos mesmos fósseis4 com o método carbono para calibrar suas taxas de degradação de DNA. De acordo com os seus resultados, o ADNmt não pode sobreviver mais de 650.000 de anos sem ser totalmente degradado.
Isso mostra que até mesmo as idades das amostras mais antigas possíveis desses produtos bioquímicos não podem superar um milhão de anos, ao mesmo tempo que mostra que as mesmas substâncias podem sobreviver durante milhares de anos.
Há outra observação que confirma a perspectiva defendida por aqueles que acreditam na Bíblia de que a maioria dos fósseis foram formados por um Dilúvio recente: a preservação de proteínas originais. Uma pesquisa sincera dos muitos artigos científicos sobre a descoberta de proteínas originals encontradas em fósseis encontrados em diversas regiões do mundo revela que os paleontólogos já detectaram proteínas animais em fósseis dos seguintes tipos de animais:
O artigo mais impressionante que li recentemente descreve fósseis de poliquetas de tubo encontrados em camadas de rocha pré-cambriana, obtidas de amostras profundas tomadas na Sibéria. Devido às presença de proteínas intactas que ainda conservavam sua flexibilidade, quase ri em voz alta quando li a idade evolucionária que lhes fora atribuída: 551 milhões de anos.
Os pesquisadores têm usado uma ampla variedade de técnicas para detectar estas proteínas. O melhor método de avaliação é o sequenciamento molecular, a técnica que foi usada pelos cientistas para determinar a sequência de aminoácidos nas amostras de colágeno obtidas do tiranossauro e do dinossauro da família Hadrosauridae. Tem-se usado outras técnicas confiáveis e mais econômicas para identificar muitos tipos de proteínas em fósseis mesozóicos.6 Em muitos casos, apesar de as proteínas terem perdido muita de sua integridade original, conservavam o suficiente para permitir uma identificação clara. Como no caso de um castelo em ruínas, é de se esperar que haja certo grau de degradação nessas proteínas depois de milhares de anos, mas esperaríamos uma perda total das estruturas depois de um milhão de anos. Mas o fato de elas ainda estarem presentes aponta para um intervalo de somente milhares de anos.
Alguns cientistas até têm informado sobre ADN encontrado em fósseis, além de colágeno e outras proteínas. No entanto, as amostras podem estar contaminadas por micróbios ou manuseadores humanos. Quando os cientistas encontram sequências de ADN que não correspondem àquelas de contaminantes conhecidos, têm mais confiança de terem descoberto DNA original, já presente no fóssil. Com frequência, as idades atribuídas por cientistas seculares ao ADN presente em alguns fósseis (por exemplo, em insetos envoltos em âmbar) são muito superiores às da vida útil do DNA.
Assim, vemos que duas observações com respeito aos fósseis confirmam o relato bíblico da criação: a vida útil dos biomateriais é muito menos que um milhão de anos, e certos fósseis encontrados em diversas regiões do mundo ainda contêm biomateriais originais. Mas antes de proclamar essas notícias a todos, precisamos prestar atenção aos seguintes avisos:
Primeiro, devemos ler os artigos com cuidado. Frases como “preservação impressionante” ou “preservação de tecidos moles” nem sempre se referem à preservação de tecidos ou moléculas originais. Com frequência elas se referem a fósseis que preservam apenas a forma do tecido (por exemplo, uma pele de dinossauro que foi substituída por minerais, ou mineralizada) ou a impressões, como pegadas. Os minerais podem entrar num corpo e sobreviver muito mais tempo do que as substâncias bioquímicas originais; portanto, embora seja interessante, esse tipo de descoberta não é relevante para a nossa discussão atual.
Segundo, devemos limitar o nosso foco àquelas substâncias bioquímicas cujas taxas de degradação já foram determinadas, como o colágeno e o ADN. Alguns artigos mencionam a descoberta de hemoglobina (proteínas sanguíneas) e pigmentos (como tinta de lula) originais, mas suas taxas de sobrevivência ainda não foram determinadas com certeza de forma experimental.
Com esses avisos em mente, aqueles que acreditam na criação devem desafiar (com um espírito gracioso) outros a explicarem como é possível que fósseis que contêm tecidos originais possam existir num mundo antigo. Se forem honestos, terão que reconhecer que a resposta científica mais sólida é fornecida pelo relato na Palavra de Deus de uma criação recente.
De acordo com os cientistas seculares, a coluna geológica representa um período de milhões de anos. No entanto, encontramos tecidos originais em quase cada camada da coluna. Isso refuta a pressuposição da existência de “milhões de anos” de eras.
Quaterniano |
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Neógeno |
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Paleogeno |
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Cretáceo |
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Jurássico |
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Triássico |
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Permiano |
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Carbonífero |
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Devoniano |
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Siluriano |
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Ordoviciano | |
Cambriano | |
Pré-Cambriano |
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* Visite a página www.icr.org/soft-tissue-list para ver as referências originais dos artigos técnicos seculares. Lista atualizada usada com autorização do Institute for Creation Research.
Assista a um trecho do vídeo What You Haven’t Been Told About Dinosaurs (O que você não ouviu sobre os dinossauros), de Brian Thomas.