As Bases Biológicas do Gênero

de Dr. Georgia Purdom em Agosto 23, 2024
Também disponível em Español e English

Com suas 112 opções de gênero, nossa cultura precisa urgentemente de uma aula básica de biologia.

Advertência do editor aos pais: Esta discussão utiliza termos que talvez não sejam apropriados para crianças e leitores sensíveis.dvertêdv

A sociedade moderna nos ensina que podemos escolher o nosso gênero, que o nosso gênero está baseado num sentimento subjetivo e é um conceito “fluido”. De acordo com certo blog na plataforma Tumblr1, existem 112 gêneros, entre os quais estão os seguintes:

  • Apconsugênero - um gênero no qual você sabe o que ele não é, mas não o que é; o gênero se esconde de você
  • Heliogênero - um gênero caloroso e ardente
  • Perigênero - identificarse com um gênero, mas não na qualidade de gênero
  • Verangênero - um gênero que parece deslocar-se / mudar no momento em que ele é identificado

Embora esses chamados “gêneros” talvez pareçam absurdos, eles nos mostram que as pessoas estão muito confusas e precisam urgentemente da verdade da Palavra de Deus e de umas noções básicas de biologia.

Gênero é Independente de Sexo?

Numa tentativa de se esquivar da realidade biológica, os revolucionários sexuais têm tentado desligar o gênero do sexo, dizendo que são aspectos independentes do indivíduo. Um artigo publicado recentemente sobre isso fez a seguinte afirmação: “O sexo é um atributo biológico que é determinado pelos cromossomas sexuais . . . Por outro lado, a palavra “gênero” se refere a uma noção cuja definição depende das sociedades, culturas e pessoas individuais”.2

Outro artigo deu uma definição de sexo parecida com a definição acima, e em seguida disse isto sobre gênero: “O conceito de gênero . . . é uma noção significativamente diferente da do sexo biológico. A identidade de gênero é um sentimento subjetivo de “masculinidade” e “feminilidade”.3 (Ou, se você aceitar as definições de gênero dados no blog de Tumblr mencionado acima, pode até ser algo totalmente diferente!) Mas o que dizem os especialistas médicos que escrevem os dicionários médicos?

Eles continuam a definir gênero e sexo como sinônimos. A edição atual do Steadman’s Medical Dictionary, define gênero como uma “categoria à qual um indivíduo é designado por si mesmo ou pelos outros, com base no sexo” (êfase agragada por mim). Sexo é definido como “o carácter biológico ou qualidade que distingue macho e fêmea”.4

O Taber’s Cyclopedic Medical Dictionary define gênero como “o sexo de um indivíduo (ou seja, masculino ou feminino)” e sexo como “1. As características que diferenciam machos e fêmeas na maioria das plantas e animais. 2. Gênero.”5 É claro, e uma perspectiva médica e científica as palavras são sinônimas. Somente aqueles que desejam fazer o que é certo aos próprios olhos (Juízes 21:25) querem tornar esses termos distintos para justificar seu pecado.

A Palavra de Deus também não faz distinção alguma entre gênero e sexo. Gênesis 1:27 menciona que foram criados macho e fêmea (sexo biológico), e em Gênesis 2 lemos um relato mais detalhado sobre a criação do homem e da mulher (gênero). Ao longo do relato da criação no livro de Gênesis, pronomes específicos masculinos e femininos (por exemplo, ela, ele) são usados para ligar a noção de masculinidade ao homem e a de feminilidade à mulher. O sexo está intimamente ligado ao gênero. Além disso, depois de terminar a criação, Deus a declarou “muito bom” (Gênesis 1:31). Portanto, o desenho “muito bom” de Deus inclui somente dois gêneros/sexos, e esse desenho é confirmado pela nossa biologia.

Existem Dois Gêneros/Sexos Diferentes?

O complemento normal dos cromossomas humanos tem 23 pares, 22 dos quais são autossomas, enquanto o último par é de cromossomas sexuais. As fêmeas possuem dois cromossomas X, enquanto os machos possuem um cromossoma X e um cromossoma Y. A região do cromossoma Y que determina o sexo (SRY) é um gene que inibe o crescimento de características anatômicas femininas e induz a formação da anatomia masculina aproximadamente 6-8 semanas após a fecundação no útero. Isso não quer dizer que o gênero/sexo seja indeterminado antes dessa etapa, mas que ainda não é visível nas características externas.

A maioria das pessoas estão cientes das diferenças anatômicas específicas entre machos e fêmeas, e de como essas diferenças tornam possível a procriação entre homens e mulheres. No entanto, também existem muitas diferenças psicológicas. A maioria dessas diferenças são resultados da influência da presença e quantidade de hormonas sexuais (por exemplo, testosterona e estrogênio/progesterona), características que são determinadas pelas diferenças nas cromossomas sexuais.

As fêmeas convertem mais energia em gordura armazenada, enquanto os machos convertem mais energia em músculo. Apesar de muitas mulheres não gostarem de gordura, existe uma ligação direta entre a gordura e a fertilidade, então há uma boa razão para isso! Os machos possuem mais hemácias e fatores de coagulação, enquanto as fêmeas têm mais glóbulos brancos, produzem anticorpos mais rapidamente e ficam doentes com menos frequência. Isso talvez explique a tendência dos homens de reclamar mais do que as mulheres quando ficam doentes! Essas nítidas diferenças fisiológicas foram desenhadas e fazem sentido, uma vez que os homens normalmente são mais envolvidos em atividades nas quais é necessário correr riscos (caça, proteção, guerra, etc.), enquanto as mulheres estão mais envolvidas na criação dos filhos e participam ativamente de grupos sociais.

As nítidas diferenças anatômicas e fisiológicas entre machos e fêmeas têm se tornado o foco do debate atual sobre os homens transgêneros (homens que se identificam como mulheres) que participam em competições esportivas para mulheres. É impossível negar a realidade dos princípios básicos da biologia, uma vez que os homens têm corações e pulmões maiores, além de terem mais massa muscular (entre muitas outras diferenças), características que obviamente lhes dão uma vantagem sobre as mulheres. Não importa quão rigoroso seja o treinamento das mulheres; é pouco provável que elas consigam vencer os homens. Como resultado, a inclusão de homens transgênero nessas competições as têm tornado muito injustas para as mulheres. A revolução sexual agora precisa pensar em como lidar com as consequências de sua forma errada de pensar.

A Bíblia concorda com a biologia quando mostra que Deus criou dois gêneros/sexos distintos. Gênesis 1:27 mostra que tanto macho quanto fêmea foram criados à imagem de Deus. Em Gênesis 2:23, Adão salienta ao mesmo tempo suas semelhanças e diferenças quando dá um nome diferente, mulher, à fêmea.

Diferenças Genuínas

Além das diferenças da anatomia reprodutiva, machos e fêmeas apresentam outros tipos de diferenças físicas, alguns exemplos dos quais aparecem na seguinte tabela:

Two Genders

O Que Pensar sobre o Gênero/Sexo em Animais?

De acordo com as ideias evolucionistas, o homem é apenas mais um animal; por isso, a biologia e os comportamentos observados no reino animal às vezes são usados para justificar as mesmas características no ser humano. De acordo com a lógica dos revolucionários sexuais, qualquer característica que é normal para os animais deveria ser considerada normal para os humanos também.

Tem-se observado dois tipos de hermafroditismo (a característica de ser ao mesmo tempo macho e fêmea) entre os animais - hermafroditismo tradicional e hermafroditismo sequencial. O primeiro é observado com frequência entre caracóis, lesmas, minhocas e peixes. Esses animais possuem, num só organismo, características anatômicas tanto masculinas quanto femininas e/ou tanto esperma quanto ovos. Esse desenho dado por Deus facilita a reprodução de organismos em lugares onde parceiros não são facilmente disponíveis.

O termo hermafroditismo sequencial se refere a um organismo (como certos tipos de peixe, caracóis, crustáceos ou sapos) que nasce com determinado sexo, mas em algum momento de sua vida faz a transição para o outro sexo. Por exemplo, quando morre a fêmea de um casal de peixes de coral, o macho, ao invés de deixar a segurança do recife de coral em busca de outra fêmea, espera no recife. Se chegar outro macho, um dos dois se transformará em fêmea para eles poderem acasalar. Não se trata de alguma espécie de “sentimento” que o leva a mudar de sexo, mas um recurso biológico que Deus incluiu no seu desenho para ajudá-lo a sobreviver num mundo caído.

Alguns animais (por exemplo, cobras, lagartixas, peixes e aves) às vezes se comportam como membros do outro sexo a fim de obter algum tipo de vantagem. O resultado disso é menos competição, melhores oportunidades de acasalamento e melhor acesso a outros territórios. Uma vez obtida a vantagem, o animal essencialmente para de “fingir” e se comporta de acordo com o sexo com o qual nasceu. Isso é outro exemplo de um recurso de sobrevivência integrado no desenho do animal para sua vida no nosso mundo atual que ainda sofre as consequências da queda.

Aliás, realmente é sábio argumentar que um comportamento que é normal para os animais também deveria ser normal para os humanos? Os animais se comem, matam seus parceiros e filhotes e exibem um comportamento violento entre si. Se fossem consistentes, os revolucionários sexuais teriam que aceitar que esses tipos de comportamento deveriam ser considerados normais para os humanos também. No entanto, os seres humanos são diferentes dos animais; fomos criados à imagem de Deus (Gênesis 1:26-27) e nos foi dado domínio sobre os animais (Gênesis 1:28).

O que Pensar sobre Anomalias que Afetam o Gênero/Sexo de uma Pessoa?

Com frequência, a existência de anomalias que afetam o gênero/sexo são usadas para argumentar que gênero e sexo são dois aspectos pessoais independentes. Aqueles que usam esse argumento dizem o sexo genético de uma pessoa pode ser diferente daquele sugerido pelo seu aspecto externo. Embora devamos reconhecer que tais anomalias realmente existem, também devemos reconhecer que sua existência se deve ao fato de vivermos num mundo caído. Nunca deveríamos usar aquilo que é anormal e raro como base para fazer afirmações sobre o que é normal e comum. Consideremos algumas das anomalias mais comuns; no entanto, cabe ressaltar que estas condições afetam menos de 0,1% da população.

  • Hermafroditismo ou intersexualidade: Esta condição descreve uma criança que nasce com tecidos ovarianos e testiculares. No entanto, na grande maioria desses casos, a criança possui cromossomas XX (fêmea) ou cromossomas XY (macho), e não ambos. Não se sabe a causa subjacente dessa anomalia física.
  • Hiperplasia adrenal congênita: Trata-se de uma condição causada pela insuficiência ou excesso de esteroides sexuais, o que resulta num aspecto externo que pode parecer o oposto do que é indicado pelos cromossomas subjacentes; mas nesse exemplo também, as crianças que apresentam a condição possuem somente cromossomas XX ou cromossomas XY.
  • Síndrome de insensibilidade a andrógenos: Esta condição ocorre em pessoas com genes masculinos (XY) cujos tecidos são insensíveis às hormonas masculinas; como resultado, sua aparência externa anatômica é feminina. (Tanto machos quanto fêmeas normais têm testosterona e estrogênio/progesterona, mas as proporções dessas hormonas dependem do fato de eles serem machos ou fêmeas).
  • Síndrome de Turner: Esta condição ocorre em fêmeas que possuem somente um cromossoma X (XO). Uma vez que seus ovários normalmente degeneram antes do nascimento, eles não desenvolvem caracteres sexuais secundários e são inférteis.
  • Síndrome de Klinefelter: Trata-se de uma condição que afeta machos que têm dois cromossomas X e um cromossoma Y (XXY). Os homens que sofrem com esta condição desenvolvem caracteres sexuais secundários reduzidos e normalmente são inférteis.
  • Machos XX e fêmeas XY: Esta condição é muito rara (ocorre em menos de 0,005% de nascimentos vivos). Ela ocorre devido à translocação (movimento) do gene SRY a um cromossoma X ou uma mutação no gene SRY, respectivamente. Esses indivíduos normalmente não apresentam caracteres sexuais secundários e são inférteis. Uma vez que o gene SRY é o que determina a anatomia masculina e a “masculinidade”, o indivíduo é macho quando ele está presente (embora tenha dois cromossomas X) e fêmea quando está ausente (embora tenha cromossomas X e Y).

É evidente que em todos os exemplos mencionados acima, o indivíduo é macho ou fêmea com base em seus cromossomas sexuais (ou algum trecho delas); isso significa que existem somente dois gêneros/sexos, e que cada pessoa nasce sendo macho ou fêmea. Com frequência, os pais e doutores nem percebem que os recém-nascidos sofrem dessas condições. Essas condições geram situações difíceis num mundo amaldiçoado pelo pecado, e aqueles pais, crianças e doutores que precisam lidar com as difíceis decisões que deverão tomar precisam do nosso apoio e compaixão.

No entanto, cabe ressaltar que pesquisas feitas com indivíduos que apresentam anomalias de gênero/sexo têm revelado que raramente têm dificuldades com a identidade de gênero ou o homosexualismo (menos de 1%).6 Isso significa que mesmo naqueles casos em que poderia haver uma legítima razão biológica subjacente para a confusão de gênero ou atração sexual, parece não haver relação alguma entre essas dificuldades e a biologia.

A biologia e a Palavra de Deus são claras - há somente dois gêneros/sexos.

A biologia e a Palavra de Deus são claras - há somente dois gêneros/sexos. Independentemente daquilo que as pessoas sentem, elas são, na realidade, machos ou fêmeas. Desde a rebelião de Adão, todos nós nascemos pecadores (Salmo 51:5), e todos nós lutamos contra o pecado. No entanto, precisamos nos lembrar de que “não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele mesmo lhes providenciará um escape, para que o possam suportar” (1 Coríntios 10:13). Há uma verdadeira esperança para aqueles que lutam com a questão de sua identidade de gênero - a mesma esperança que está disponível para todos neste mundo caído - o evangelho de Jesus Cristo.

A Dra. Georgia Purdom é diretora de conteúdo educacional, conferencista e escritora na organização Respostas em Gênesis. Ela obteve o doutorado em genética molecular da universidade do estado de Ohio e foi professora de biologia durante seis anos na universidade nazarena Mount Vernon.

Footnotes

  1. “How Many Genders Are There in 2019?,” https://dudeasks.com/how-many-genders-are-there-in-2019/".
  2. Krista Conger, “Of Mice, Men and Women,” Sex, Gender and Medicine, spring 2017, https://stanmed.stanford.edu/2017spring/how-sex-and-gender-which-are-not-the-same-thing-influence-our-health.html.
  3. Jesse Bering, “The Third Gender,” Scientific American (October 1, 2012), https://www.scientificamerican.com/article/the-third-gender-2012-10-23/#googDisableSync.
  4. Stedman’s Medical Dictionary, 28th ed. (Lippincott Williams & Wilkins, 2006).
  5. Taber’s Cyclopedic Medical Dictionary, 20th ed. (F. A. Davis Company, 2005).
  6. Ken C. Pang et al., “Molecular Karyotyping in Children and Adolescents with Gender Dysphoria,” Transgender Health 3.1 (2018):147–153.

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