No ano passado, pesquisadores relataram evidências de micróbios na estratosfera superior, e exames recentes têm aparentemente confirmado sua descoberta. Notícia empolgante—a descoberta de vida no espaço—mas ainda fica uma pergunta: essa vida era proveniente do espaço?
A descoberta de criaturas vivas à altitude de 41 quilômetros é verdadeiramente assombrosa, mas não explica toda a atenção dada pelos meios de comunicação. O motivo real do interesse é que os investigadores proclamam que esta descoberta respalda a hipótese da “panspermia”, uma ideia moderna sobre a origem da vida. Ela é a crença de que a vida evoluiu (e possivelmente ainda está evoluindo) “lá fora” no universo, e que a Terra foi “semeada” com esta vida há uns 3,8 bilhões de anos. Na verdade, alguns dos seus proponentes acreditam que vida microscópica ainda é levada periodicamente à Terra no interior de cometas. Esta hipótese foi proposta em detalhe pela primeira vez pelo químico sueco e ganhador do prêmio Nobel Svante Arrhenius (1859–1927).
De acordo com um comunicado à imprensa do Centro para a Astrobiologia da Universidade de Cardiff (Reino Unido):
Vários institutos de pesquisa na Índia colaboraram num projeto de ponta, enviando à estratosfera, por balões, coletores de amostras criogênicos esterilizados, ou “cryosamplers” . . .
Em 21 de Janeiro de 2001, coletaram grandes quantidades de ar da estratosfera a altitudes entre 20 e 41 quilômetros. . . .
O Dr. Milton Wainwright, do departamento de Biologia Molecular e Biotecnologia da Universidade Sheffield, . . . isolou um fungo e duas bactérias de uma das amostras derivadas do espaço tomadas a 41 quilômetros de altura. A presença de bactérias nestas amostras foi depois confirmada de forma independente. . . . Os organismos isolados são muito similares a variedades terrestres conhecidas . . . [mas] deve-se enfatizar que estes microrganismos não são contaminantes comuns de laboratório.1
De acordo com um trabalho impresso nas FEMS Microbiology Letters (Cartas de Microbiologia da FEMS), 2 os pesquisadores se empenharam muito em evitar contaminação, e demostraram engenhosidade ao induzirem a reprodução das amostras. O Dr. Wainwright isolou duas espécies de bactéria (Bacillus simplex e Staphylococcus pasteuri) e um fungo (Engyodontium album). Ele disse que estas espécies não são contaminantes típicos, e nunca tinham sido cultivadas no laboratório onde foram isoladas.
Mas a ciência real termina aqui.
Ao interpretar observações científicas, é importante reconhecer primeiramente o viés do observador. O comunicado de imprensa veio do Centro de Astrobiologia, liderado por Chandra Wickramasinghe. Foi ele quem primeiro propôs a ideia de cometas semeando vida na Terra, junto com Fred Hoyle. Não é necessariamente errado ter um viés—tanto os criacionistas quanto os evolucionistas o têm. O importante, aqui, é reconhecer este viés, desde o princípio.
O viés de Wickramasinghe, contudo, levou-o a concluir muito mais do que a evidência justifica. A descoberta de vida no espaço não nos fala de onde essa vida se originou. Ainda assim, Wickramasinghe disse audaciosamente ao repórter da United Press que “os achados respaldam a ideia de panspermia, a teoria de que os cometas não só trouxeram o primeiro organismo vivo à Terra há 4 bilhões de anos, mas também que devem estar fazendo isso no tempo presente”.3
Aqui está o raciocínio que Wickramasinghe deu ao repórter: encontrar micróbios como os que estão na Terra é o que sua teoria “prediz”, disse, porque sua teoria propõe que as bactérias da Terra evoluíram de micróbios do espaço, para começar. Wickramasinghe explicou: “São estreitamente relacionados com bactérias terrenas conhecidas, mas isso é o que a teoria da panspermia prevê”.4
OS DADOS CERTAMENTE NÃO LEVARAM A ESSA CONCLUSÃO: É ALGO QUE OS PESQUISADORES ACREDITAVAM ANTES DE COLETAREM QUALQUER EVIDÊNCIA.
Mas de fato, isto é também o que uma hipótese muito mais mundana preveria. A saber, que bactérias da Terra teriam sido levadas pelo ar por 41 quilômetros até o espaço. É de se esperar que amostras do espaço fossem similares a bactérias da Terra. Mas se você admite a hipótese de que bactérias trazidas do espaço se adaptaram às condições em mudança da Terra durante bilhões de anos—por meio de incontáveis trilhões de gerações de bactérias, então não se esperaria que amostras modernas do espaço fossem idênticas às bactérias da Terra.
Conforme o AiG disse na sua reportagem preliminar, há algo estranho na afirmação de que é mais provável que bactérias venham de cometas distantes, a trilhões de quilômetros de distância, do que desde a Terra, a 41 km de distância.5 Os dados certamente não levaram a essa conclusão: é algo que os pesquisadores acreditavam antes de coletarem qualquer evidência.
O Dr. Wainwright, que isolou as bactérias e o fungo, foi honesto e disse que sempre há um perigo de contaminação, mesmo que sob as melhores circunstâncias. Sem pesquisa adicional no espaço, ele pode dizer somente que “a lógica interna . . . aponta fortemente” para sua crença de que as bactérias e o fungo não são contaminantes:
Contaminação sempre é uma possibilidade em tais estudos, mas a ‘lógica interna’ dos achados aponta fortemente para os organismos tendo estado isolados no espaço, a uma altura de 41 km. Claro, estes resultados teriam sido aceitos mais prontamente e aplaudidos pelos críticos se tivéssemos isolado organismos desconhecidos, ou alguns com NASA escrito neles! Porém, só podemos reportar de boa-fé o que encontramos.6
Tendo vindo do espaço ou da Terra, a origem dos primeiros micro-organismos permanece como um grande problema para os evolucionistas. Na verdade, este problema foi o motivo por trás da panspermia, para começar. O pioneiro moderno da panspermia, Arrhenius, foi também motivado “pelo fracasso de repetidas tentativas feitas por eminentes biólogos de descobrir um só caso de geração espontânea de vida”.7 Francis Crick, um proeminente defensor da “panspermia dirigida” (semeadura deliberada de vida por alienígenas) foi também motivado pelos repetidos fracassos da “evolução química”. Conforme Wickramasinghe explicou ao space.com, é matematicamente impossível que a vida tenha evoluído na Terra:
O surgimento da vida desde uma sopa primordial na Terra é um mero artigo de fé que os cientistas têm dificuldade de abandonar. Não há qualquer evidência experimental que respalde isto no momento presente.
De fato, todas as tentativas de criar vida a partir de não-vida, começando desde Pasteur, não tiveram êxito. Além disso, evidência geológica recente indica que a vida estava presente na Terra há mais de 3,6 bilhões de anos, numa época em que a Terra estava sendo bombardeada por impactos de cometas e meteoros, e não se poderia esperar a infusão de qualquer sopa primordial.
Nem todos os micróbios no espaço interestelar sobreviveriam, claro, mas bastaria a sobrevivência ainda que de uma fração de micróbios deixando um sistema solar e alcançando a próxima formação de planetas para que a panspermia seja esmagadoramente mais provável do que iniciar a vida do nada num novo lugar.
As probabilidades contra que os micróbios sobrevivam tal jornada espacial são insignificantes se comparadas com as probabilidades insuperáveis contra começar vida novamente numa pequena e morna lagoa na Terra.8
Mas Hoyle e Wickramasinghe terminaram percebendo que as probabilidades eram pequenas demais, mesmo que todo o universo fosse uma sopa primordial. Mesmo as bactérias mais simples são complexas demais para terem evoluído: elas devem ter sido criadas. Hoyle e Wickramasinghe acreditavam que o criador estava dentro do cosmo, mas Gênesis deixa claro quem era o Criador, e nos conta que Ele criou todos os gêneros de vida há uns 6.000 anos.